Sempre ligado, sempre cansado: o mito do sucesso 24/7
Desde quando é que estar sempre disponível passou a ser sinal de sucesso? Com as regalias dos horários flexíveis e o home office, juntando as notificações constantes em todos os grupos de trabalho,
tornou-se muito fácil estarmos sempre disponíveis e acessíveis, prontos a responder a qualquer mensagem de trabalho, a qualquer hora – mesmo quando ninguém o exige diretamente.
Esta hiperconectividade, a par do teletrabalho, tornou difusa a separação entre a vida pessoal e profissional, criando a falsa sensação de estarmos “sempre de serviço”. Isso gera pressão para responder de imediato a e-mails, mensagens, chamadas, etc., o que, por um lado, pode
alimentar um ciclo de ansiedade e, por outro, reduzir a qualidade do trabalho, pois a pessoa está constantemente a ser interrompida e sente-se mais cansada por achar que tem de estar sempre disponível.
Estar sempre disponível passou, assim, a ser confundido com comprometimento e excelência — quando, na verdade, pode ser um caminho direto para o esgotamento.
Para quebrar este ciclo, cada um tem um papel importante. Os colaboradores devem definir horários claros para começar e terminar o trabalho — e respeitá-los —, desativar notificações fora do horário
laboral e reservar blocos de tempo sem interrupções para tarefas que exigem foco. Por outro lado, os líderes e as organizações têm a responsabilidade de promover uma cultura que valorize o equilíbrio entre
a vida profissional e pessoal, respeitando os horários de trabalho e incentivando pausas regulares.
Devem evitar enviar mensagens ou exigir respostas fora do horário laboral, dando o exemplo e criando
expectativas claras. Políticas transparentes sobre gestão de tempo, prioridades e respostas ajudam a clarificar o que realmente importa. Além disso, apoiar o bem-estar mental das equipas é fundamental, pois um colaborador descansado é mais produtivo e criativo.
É fundamental tornar clara a ideia de que nem tudo precisa de resposta imediata — e lembrar que, quando tudo é importante, nada importa. Sucesso não é estar sempre disponível, mas saber quando é hora de parar para poder continuar.

